Sobre Nosso Lar

Escrevendo de novo e, como não poderia deixar de ser, sobre o filme Nosso Lar...

Que é um sucesso e, muito provavelmente, vai dar um bom retorno para os produtores, quase ninguém mais tem dúvidas, apesar do custo realmente elevado para padrões nacionais: R$ 20 milhões. Já se fala em uma continuação no próximo ano.

Assisti ao filme logo no primeiro fim de semana. Achei o máximo! Até as alterações na história principal, como o encontro de Emmanuel com André Luiz na cidade Nosso Lar, coisa que não tá no livro, foi bem vindo. Não nos esqueçamos que o filme é apenas uma adaptação e não a execução do livro em filme.

Também há uma preocupação em ser corretamente doutrinário. Mas isso tem dois lados: o primeiro é que é bom para a Doutrina Espírita, pois a divulga, sem dúvida nenhuma, mas por outro lado o cinema acaba perdendo, pois antes de mais nada cinema é entretenimento e, nem sempre, uma palestra espírita é o melhor dos filmes quando se quer SOMENTE entretenimento.

Encontrar a forma adequada para o conteúdo espírita é, sem dúvida, um desafio para cada artista espírita (ou mesmo aqueles que não são espíritas, mas acabam trabalhando para ela). E esse é o desafio que está lançado. Achar a dose certa entre um e outro fator é, talvez, o maior desafio quando se fala em cinema espírita ou, mais generalizado, em ARTE ESPÍRITA.

Por outro lado, os efeitos visuais utilizados mostram que é sim possível o uso da tecnologia de efeitos no cinema brasileiro e, deste modo, o cinema nacional ganha com isso. Em um cinema cada vez mais 3D, se não nos adequarmos ficaremos para trás.

Na outra ponta, acredito que um trabalho melhor em termos de história (em Nosso Lar, a busca incessante de André pela família que ficou, a emoção do reencontro, a surpresa com o outro, a superação da vaidade - a vida continua para todos - ficou bom em Nosso Lar, mas poderia ficar melhor) ainda é o grande chamativo para se ir ao cinema (ou para se ver uma peça de teatro, por exemplo).

Sobre o mundo espiritual, acredito que algo que é fácil para os espíritas, mas não tão fácil de entender para os não espíritas, são os mecanismos da transmissão de pensamento, sua exteriorização e mesmo sua "materialização" (por exemplo, as flores de Veneranda). Acho que também poderiam ter sido melhor explorados, explicados na história, no decorrer do drama (aqui vai uma opinião de um também fã de ficção científica: isso ganharia um bocado de gente que gosta desta temática e, como os filmes atuais deste gênero estão cada vez mais migrando para uma temática sobrenatural, sem nenhum senso moral diga-se de passagem, um drama como Nosso Lar poderia despontar como uma alternativa para esse movimento). Da mesma forma, a cidade Nosso Lar, em si, tem uma história e, além de mostrar os ministérios rapidamente, poderiam ter trabalhado melhor a cidade em si (seu funcionamento, as pessoas).

O bom de Nosso Lar é que deixou um gostinho de quero mais. E isso é essencial!

E fico já ansioso pela sequência, e espero ainda estar encarnado quando fizerem um filme para Ave Cristo, ou para Paulo e Estêvão ou ainda A Dois Mil Anos...

André Cavalcante

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